SETEMBRO AMARELO – prevenção ao suicídio

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O ato suicida é definido como qualquer ação cometida com a intenção de pôr fim à própria vida. Antes de chegar ao ponto de atentar contra a própria vida, o indivíduo passa pelo estágio da ideação suicida, um momento de angústia e sofrimento desesperadores aos quais o indivíduo se mostra incapaz de lidar, vendo no suicídio a única maneira de dar fim à sua dor.

O SUICÍDIO É UMA DAS 10 MAIORES CAUSAS DE MORTE EM TODO MUNDO.

Segundo a OMS, o número de suicídio supera a soma de mortes causada por homicídios, acidentes de trânsito, guerras e conflitos civis ao ano. No Brasil, acredita-se que ocorram 32 mortes por suicídio ao dia.

Não se deve encarar o suicídio como uma falha de caráter; é um problema de saúde, um sintoma da gravidade de uma doença psiquiátrica que deve ser abordado de forma ética, profissional e terapêutica.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Quando se fala em tratamento do comportamento suicida, presume-se que exista o desenvolvimento de algumas etapas para que se chegue ao ato. Tratar as patologias psiquiatras de base é fundamental para prevenir que a doença evolua para uma tentativa de suicídio. Tratando a doença, a ideação suicida desaparece.

Mas a primeira etapa do tratamento é, com certeza, abordar o tema. É sempre difícil falar sobre suicídio; porém, não fazê-lo só aumenta o tabu, dificultando a identificação do paciente potencialmente suicida e o seu encaminhamento ao especialista.

Não se fala tanto sobre o tema porque tem-se a falsa ideia de que falar sobre ao assunto pode induzir a realização do ato, quando o contrário é mais verdadeiro. Precisa-se falar sobre o suicídio, sobre os problemas que levam ao ato. É importante que o assunto esteja presente nas conversas das pessoas e saia da esfera do tabu e do preconceito, tonando esse diálogo um meio de prevenção.

 

O suicídio pode e deve ser considerado um grave problema de saúde pública. O que se estima é que cerca de seis a dez pessoas, no mínimo, são afetadas de maneira direta quando ocorre o suicídio de uma pessoa próxima. Este é um comportamento determinado por uma diversidade de fatores – psicológicos, biológicos, genéticos, culturais, sociais – e por isso não pode ser tratado como um acontecimento isolado na vida de uma pessoa.

Sempre vai existir uma grave fragilidade que precisa ser compreendida, pois, em geral, a decisão de terminar com a vida, independente do ponto de vista ao qual é analisado, é a consequência final de um processo de grande sofrimento. Algumas vezes a pessoa pode não desejar de fato morrer mas sim eliminar a dor insuportável que vem sentindo.

Aqueles que já tentaram suicídio em algum momento de sua vida têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente, sendo esse o fator de risco mais significativo. Também não é possível ignorar que a maior parte dos que tiraram a própria vida tinham um transtorno mental que frequentemente não foi identificado ou mesmo tratado adequadamente. As psicopatologias mais comuns que apontam um fator de risco para o suicídio incluem depressão, transtorno bipolar, transtornos de ansiedade, alcoolismo, abuso de drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Por conta disso o diagnóstico correto é também uma forma de prevenir a mortalidade nessas situações. Pesquisas apontam ainda um aumento da necessidade de atenção entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativas.
Falta de esperança no futuro, desespero, desamparo e impulsividade, são as emoções mais comuns que podem se associar ao comportamento suicida. O impulso para cometer suicídio pode ser transitório e desencadeado por eventos do dia a dia – recriminação, fracasso, falência. Quando uma pessoa decide terminar com a sua vida ela é incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema.

Existem inúmeros mitos sobre o comportamento suicida. O primeiro é de que quem ameaça, quer apenas chamar a atenção. Esse é um pensamento inadequado pois a maioria dos suicidas falam ou dão sinais sobre suas ideias de morte. Também existe um certo tabu em relação ao tema, como se verbalizar o desconforto da vida causasse um aumento do risco, porém falar com alguém pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
A prevenção ao suicídio passa pela mesma proposta de qualquer intervenção em saúde mental. É preciso que, não só os profissionais da área da saúde, mas familiares, professores e toda a sociedade, sejam capazes de reconhecer quando um fator de risco esta presente. É possível que facilitando o apoio emocional necessário para reforçar o desejo de viver, a intenção e o risco de suicídio venha a diminuir. Em geral, sentir que existe ligação afetiva com um grupo ou uma comunidade auxiliam a pessoa a lidar com a ideação suicida. Quanto maiores e mais sólidos os vínculos sociais menor a mortalidade por suicídio.

Os fatores que asseguram a integridade psicológica do ser humano, e portanto o protegem de um possível desejo de morte, incluem uma boa autoestima, laços sociais bem estabelecidos com família e amigos, religiosidade, ausência de doença mental, capacidade de adaptação e resolução de problemas além de acesso a serviços e cuidados de saúde física e mental.

 

Depressão e prevenção de suicídio.

 

Esta doença causa um sofrimento intenso no indivíduo, que de repente se vê sem forças e sem energia para as atividades que realizava habitualmente. É comum o indivíduo deprimido se culpar pelo que está sentindo, achando que é preguiça ou má vontade de melhorar. Entretanto, é importante salientar que a depressão é uma doença que requer tratamento e não depende apenas da força vontade da pessoa para se recuperar. É essencial também apontar a diferença entre tristeza e depressão. Todos nós ficamos tristes de vez em quando e isso é normal. Na depressão, essa tristeza não passa e começa a prejudicar várias áreas da vida como o trabalho, os estudos e a relação com amigos e família. Podemos dizer que a pessoa deprimida olha com uma lupa todos os problemas e dificuldades e por outro lado quase não enxerga ou minimiza as coisas boas de sua vida.

O indivíduo deprimido apresenta sintomas tais como:

desânimo diário

desinteresse pelas atividades habituais

pensamentos predominantemente negativos em relação a pessoas e acontecimentos à sua volta.

sentimento de inferioridade

isolamento social

culpa excessiva

irritabilidade

insônia ou sono excessivo

falta de concentração

falta de apetite/perda de peso

vontade de chorar ou choro frequente

falta de esperança no futuro.

sintomas físicos sem causa orgânica.

perda da capacidade de sentir prazer (anedonia)

ideias de morte e suicídio

Prevenção de suícidio

Pessoas com depressão têm mais chance de pensar na possibilidade de suicídio, tentarem se suicidar ou se suicidarem.

Por isso é importante que familiares e/ou amigos ficarem atentos a qualquer sinal de que a pessoa esteja fazendo planos nesse sentido.

Muitas vezes a pessoa deprimida comenta que quer se matar e as pessoas à sua volta acham que ela está só querendo chamar a atenção.  É importante entender isso como um pedido de socorro e imediatamente comunicar ao psiquiatra e psicoterapeuta para obter a orientação necessária.

O suicídio é um tema tabu do qual se fala pouquíssimo. As pessoas têm, inclusive receio de perguntar a um amigo ou familiar se ele tem ideias suicidas, mesmo que suspeitem que ele esteja cogitando se matar. Em ambientes de trabalho ou universidades em que uma pessoa cometeu suicídio, apesar do sofrimento, também se percebe um bloqueio em se falar do assunto.  É como se as pessoas achassem que falar de suicídio fosse incentivá-lo e é justamente o contrário. A melhor forma de prevenir é ter abertura para falar do assunto.  Quando se aborda o assunto é possível ajudar, pensar em outras possibilidades e buscar ajuda profissional.

É importante frisar que  m torno de 90% das pessoas que cometem suicídio  apresentavam transtornos mentais e  uma boa parte destes suicídios poderiam ser evitados com tratamento psiquiátrico e psicológico.

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